CEO da Nvidia diz que a China vencerá a corrida da IA — e culpa a energia dos EUA por isso
Jensen Huang acredita que o futuro da inteligência artificial será decidido não por chips, mas por watts. Entenda por que a política energética virou o novo campo de batalha entre Washington e Pequim.
O homem mais poderoso da inteligência artificial acredita que a próxima revolução não será movida a silício, mas a eletricidade. Em entrevista ao Financial Times, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, afirmou que “a China vai vencer a corrida da IA”, e que o motivo está longe dos laboratórios de machine learning: energia.
Segundo Huang, os Estados Unidos estão ficando para trás por causa de uma combinação de fatores, desde a fragmentação das regulações estaduais até a falta de uma política energética robusta capaz de sustentar o apetite elétrico dos data centers. Enquanto isso, a China subsidia energia para empresas que usam chips domésticos, reduzindo pela metade as contas de eletricidade de muitos centros de dados e impulsionando seu próprio ecossistema de semicondutores.
“Power is free”, disse o executivo ao Financial Times, referindo-se às condições oferecidas pelo governo chinês.
O novo gargalo da IA: watts e megawatts

A era da inteligência artificial tem um problema pouco glamouroso: energia elétrica. Cada requisição feita a modelos como ChatGPT, Gemini ou Claude consome uma fração crescente da capacidade global de energia. Multiplique isso por bilhões de interações diárias e o resultado é uma infraestrutura que ameaça sobrecarregar redes locais e forçar países a repensar seus planos energéticos.
Nos Estados Unidos, essa pressão é sentida com força. A falta de planejamento centralizado e a dependência de combustíveis fósseis têm atrasado a expansão de fontes limpas e baratas. Huang chegou a elogiar o governo Trump por ser “pro-energia”, mas seus comentários mais recentes deixam claro que, mesmo com incentivos à exploração de petróleo, isso não basta para sustentar a economia de dados.
Enquanto isso, do outro lado do Pacífico…
A China, por outro lado, vem executando uma estratégia de longo prazo que mistura industrialização verde e soberania tecnológica. Em maio de 2025, o país instalou capacidade eólica e solar equivalente à demanda elétrica de toda a Polônia. Só em 2024, mais da metade do aumento global em energia renovável veio de projetos chineses.

Essa expansão tem efeitos diretos sobre a corrida da IA. Com energia abundante, barata e subsidiada, o país cria um ambiente perfeito para treinar modelos gigantescos de forma sustentável e previsível. Além disso, o governo exige que apenas data centers baseados em chips chineses recebam os subsídios, fortalecendo a indústria local e acelerando o processo de independência tecnológica de Pequim.
A geopolítica dos watts
O alerta de Huang vai além da Nvidia. Ele aponta para uma mudança de paradigma: a liderança em IA não será definida apenas por quem tem os melhores chips, mas por quem pode mantê-los ligados.
Os data centers do futuro serão as novas refinarias, e a energia, o novo petróleo digital.
Enquanto Washington trava debates sobre regulação e política energética, Pequim avança com pragmatismo, transformando energia limpa em poder computacional e influência global. A corrida da IA está se tornando uma corrida pela eletricidade, e os próximos anos dirão se os EUA ainda têm fôlego para acompanhar.
No fim das contas, o CEO da Nvidia talvez não esteja apenas descrevendo o presente, mas antecipando um futuro inevitável: quem controlar a energia, controlará a inteligência.
🔗 Fonte principal: Gizmodo
📈 Leitura complementar: Financial Times — Entrevista com Jensen Huang (assinantes)



